Ecoar e Agregar #legeduca

O abaixo-assinado (cf. blog) pede a desburocratização do Sistema Educacional Burocrático vigente e não fala claramente qual o Sistema Educacional que propõe.  Isso não faz do manifesto uma coisa vaga, sem objetividade?

Quando ouvi essa dúvida no bate-papo, respondi rapidamente. Não, o objetivo é manifestar que não queremos mais que a Educação continue no caminho que está, o caminho estabelecido pelo Sistema Educacional Burocrático.

Entretanto, a segunda vez que ouvi essa dúvida estava numa postagem e tive a oportunidade de detalhar sobre o objetivo do manifesto e sobre a vocação que se revelou nele. Por isso, compartilho aqui, com anuência dos interlocutores, o comentário que fiz:


Renato Janine Ribeiro, pedir a desburocratização do Sistema Educacional Burocrático é pedir o fim deste. É fato que não há uma proposta objetiva para o novo Sistema a substituí-lo, pois nesse caso seria abaixo-assinado a favor do Sistema Tal. E não fiz um manifesto defendo o Sistema Tal simplesmente porque não tenho nenhum Tal pronto e não conheço absolutamente ninguém que o tenha.

O único propósito que tive ao lançar solitariamente o manifesto foi dar voz a uma questão objetiva: o problema da Educação é o Sistema Educacional Burocrático.

Sem reconhecer isso, por que se pensaria em construir outro? Apesar de ser uma questão central para a Educação, não se vê nos veículos da mídia, nas discussões do poder público e nem nas atividades das ONGs. E ao que parece o manifesto está dando voz à questão mesmo antes de chegar ao ministro para que ele abrisse a discussão.

Além de estar cumprindo seu objetivo, ainda que timidamente, vejo outro aspecto positivo que o manifesto apresentou. Refere-se ao teu justo pleito por uma proposta objetiva de Sistema Educacional e ao que sugeriu o Alfredo Attie, “Talvez possamos fazer propostas mais específicas”.

Pois bem, quem seriam esse “nós” que podem fazer propostas específicas?

A elite do empresariado agregou na ONG Todos pela Educação a elite dos meios de comunicação, dos Economistas, das ONGs e dos políticos educacionais em busca de “mexidas” NESTE sistema educacional que imprimissem qualidade na educação. Nesse sentido, concordo com Ricardo Semler, “A culpa não é dos empresários - têm boas intenções-, mas cabe lembrar que 92,3% das empresas quebram ou são vendidas a cada 20 anos, o que sugere que o empresário tem dificuldade de entender do seu próprio métier, quem dirá EDUCAÇÃO. “  Trocar de Sistema Educacional é fazer um revolução na educação e os que estão preocupados em arrumar o atual sistema não poderiam fazê-la. Quem, então, comporia esse “nós” a revolucionar a educação?

Penso que a entrevista de Domenico De Masi no Estadão de 31/05  pode ser considerada aqui: “O que eu vejo é que nos últimos cem anos todas as revoluções nasceram nas escolas e depois foram transferidas para as fábricas. E todas as revoluções foram iniciadas por intelectuais: 68 nasceu em Berkeley, na Sorbonne, em Paris.” 

Bem, se for esse o caminho para revolucionar a educação, como saber quem teria interesse nisso, uma vez que universo o brasileiro, tanto de intelectuais como de profissionais da Educação, é tão grande e segmentado?

Poderia ter sido a partir de um grupo homogêneo e fechado, e deve haver outras maneiras que poderiam ter acontecido, mas o fato é que a divulgação do manifesto está propiciando encontros entre “desconhecidos” com interesse sobre a questão.

Um agradável encontro que pude compartilhar com vocês semana passada foi com Eduardo Chaves  e seu artigo “A arte de maquiar defunto e as pseudoinovações educacionais. E quando o dono desse texto tão inteligente e de um currículo tão aprimorado se propôs a ler e assinou o abaixo-assinado desta “desconhecida”, percebi que esse manifesto tinha um caráter agregador.

Vejo o quanto esse diálogo pode crescer quando ele apresenta outras ideias sobre o assunto num artigo postado hoje,  Tecnologia, Inovação e Transformação: a arte de quebrar paradigmas. Fala explicitamente de “mudança sistêmica” e não há dúvida que o “defunto” a que ele se refere é o sistema vigente, que, como se sabe, é um Sistema Educacional Burocrático. Ele também exemplifica com uma citação: “Quando a raiz ou o fundamento de uma estrutura se racha (como a raiz de um dente ou o alicerce de um prédio, por exemplo), não há como reformá-los. É necessário começar do zero, criando uma nova estrutura.” E é essa convicção que liga os dois artigos e o manifesto: é necessário enterrar o sistema vigente e criar uma nova estrutura, sua raiz burocrática não consegue mais sustentá-lo, o sistema vigente virou defunto, é preciso enterrar o Sistema Educacional Burocrático.

Assim, acredito que o manifesto está alcançando seu objetivo de dar voz ao pleito pelo fim do Sistema Educacional Burocrático. E, além disso, verifico todo dia sua vocação integradora graças a pessoas como o Alfredo e você, que com suas reações opostas vêm construindo a síntese a que isso tudo levará. Super obrigada pelo diálogo.

Talvez fique vago para quem não é da área de educação que Burocracia é na área de gestão termo similar ao que ditadura é na área política... Isso dá um longo papo, mas por hora deixo o vídeo que recebi enquanto escrevia pra vocês ... 





Isso tem a ver com cada cidadão brasileiro, com o que depende da educação pública e o que não depende, com o que atua na Educação e que não atua, com o que é renomado e o que é anônimo.


Precisamos fazer ecoar mais alto que o problema da Educação é o Sistema Educacional Burocrático e não queremos permanecer nesse caminho.
Precisamos de milhões de assinaturas para acordar os ouvidos do poder público.

Assine e convide os amigos!


Eu, você, seu amigo, seu filho... temos tudo a ver com isso: www.objetividadeedesburocratização.blogspot.com

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