"Todos Pela Educação" amplia a pauta da mídia sobre Educação

É animador o artigo de Semler na Folha SP. Pleiteia novas soluções na Educação e alerta a elite do empresariado que fundou a ONG Todos Pela Educação: “Ficar tirando a média de um conceito medíocre é inócuo”. #legeduca
Evidentemente, o autor sabe que
o poder de influência dessa ONG é incomensurável e que as políticas públicas acabarão seguindo seus passos. E, ao que parece (cf. artigo), Semler gostaria de ver o empresariado tirar a Educação da mediocridade ao invés de ver Todos empresários sugados Pela discussão inócua sobre Educação. Isso é muito bom.
Também é bom falar do novo papel do professor e “que o empresário tem dificuldade de entender o seu próprio métier, quem dirá EDUCAÇÃO”.
Entretanto, o que de fato é animador é ver administrador e educador colocados na mesma frase. Isso permite remeter a discussão para questões que nos parecem centrais para inovar a Educação.
Qual a interface entre gestão e educação na escola? Em que medida a gestão escolar está implicada no fracasso da educação? Em que medida a gestão política da educação está implicada no fracasso da gestão escolar?
Educação e Gestão na Escola Pública é um estudo de caso sobre fracasso escolar que apresenta a vida cotidiana da escola em resposta a estas questões. A modelagem sistêmica da vida escolar permite apreender a obsolescência da gestão como princípio degenerativo da educação.
Em termos empresariais, a pesquisa explana como e por que é verdadeiro dizer que ‘toda empresa tem a cara do dono’. A visão do cotidiano da escola pública permite entender que o fracasso escolar é a cara da gestão pública na educação, quer no âmbito da gestão escolar, quer no âmbito da gestão política.
A pesquisa também mostra que esse fracasso em cascata independe de intenções boas ou más. A obsolescência da pedagogia e da didática foi identificada, estudada e dispõe de alternativas inovadoras em termos de concepções pedagógicas e de estratégias didáticas. E a gestão?
Bem, a gestão é obsoleta, ou seja, a lógica operacional estabelecida pela gestão é obsoleta, tanto da escola quanto do sistema de ensino.
Semler tem razão ao criticar as “mexidas” feitas na escola: “a diretora faz cursos de gestão, aparecem computadores e reciclagem para professores. Com o tempo, tudo volta ao que era.” O empresário reconhece a inviabilidade econômica das “mexidas”, mas cabe aqui ir além.
“Mexidas” na escola são mais que inviáveis, são inócuas. E a razão é simples: curso de gestão para os diretores, equipamentos e curso de capacitação para professores não mudam a lógica obsoleta do modelo de gestão da educação pública.
Há de se concordar que “Os investimentos e estudos deveriam ir para formatos novos”, mas seria ingênuo acreditar que a inovação no papel do professor (tutor) ou que a inovação nos serviços gerais da escola (Escola Charter) podem anteceder à inovação na lógica da educação.
O estudo permite ver a contradição entre os princípios da Administração “Taylorista” e os paradigmas da Educação do século XXI, e quais as conseqüências sócio-cognitivas desse paradoxo. Assim, cabe alertar que a sustentabilidade social necessita com urgência que investimentos e estudos se voltem para a concepção de um novo formato de sistema educacional.

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