Alfabetização: pedagogia ou retórica?

A escrita é uma das formas de comunicação entre seres humanos, e, portanto, um tipo de atividade social que permite aos seres humanos trocarem ideias, pensamentos.

Isso posto, parece óbvio que aprender a ler-escrever significa aprender o processo de trocar ideias por meio da escrita.

Esse processo inclui o emissor da mensagem, o receptor, a mensagem em si, o canal de propagação, o meio de comunicação, a resposta (feedback) e o ambiente onde o processo comunicativo acontece. (http://www.infoescola.com/historia/historia-da-comunicacao-humana/)

É possível trocar pensamentos pela escrita sem conhecer o código em que ele foi escrito escrito? É possível trocar pensamentos pela escrita sem conhecer o significado e o contexto do do pensamento codificado? É possível trocar pensamentos pela escrita sem entender a perspectiva cultural daquele que escreve?


É possível aprender a comunicação escrita sem apreender todas as dimensões desse processo?

Então, por que polemizam a terminologia do processo? Problematizar os termos do processo não significa optar pela retórica do processo em detrimento da sua questão semântica?

O fato é que a partir da década de 80 estabeleceu-se controvérsia entre alfabetização e letramento.


Uns consideram que a alfabetização refere-se à habilidade de codificação-decodificação de sons e sinais gráficos.

Uns consideram que letramento refere-se às competências de uso dessa codificação-decodificação em situações práticas da vida em sociedade

Outros, como Emília Ferreiro, Délia Lerner e Ana Teberosky utilizam apenas o termo ALFABETIZAÇÃO para designar o processo de aprendizagem da comunicação escrita dos pensamentos na prática social. Essas estudiosas consideram o “sistema de escrita” (código) e “linguagem escrita” (significado social), como elementos constitutivos do processo e, portanto, de aprendizagem indissociável para se alcançar a aprendizagem do processo.

Na prática pedagógica, a retórica se materializa: “Se concebermos que o desenvolvimento da consciência fonológica é mera consequência da aprendizagem da leitura e da escrita ou da evolução psicogenética da criança a nossa postura pedagógica será a de que não necessitaremos de atividades específicas que estimulem esse tipo de reflexão, porém se considerarmos que o desenvolvimento da consciência fonológica é um facilitador da evolução psicogenética e da aprendizagem da leitura e da escrita transformaremos este tipo de reflexão num alvo pedagógico durante o processo de alfabetização.” (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alfbsem.pdf)

São duas posturas possíveis e opostas. Uma postura dispensa o estímulo à reflexão e a outra tem a reflexão como meio.

Evidentemente, o estímulo à reflexão implica diretamente no desenvolvimento da capacidade crítica e, consequentemente, na competência cidadã da pessoa. Assim, deve-se reconhecer que a segunda postura pedagógica está atrelada à formação cidadã.

Ao se constatar que “só 25% da população é plenamente alfabetizada” (http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2013/07/pesquisa-mostra-que-so-25-da-populacao-e-plenamente-alfabetizada.html), ou seja, que 75% da população não está plenamente alfabetizada, constata-se com pesar que a escola é um fracasso na alfabetização, no letramento e na formação cidadã.

Cidadão alfabetizado e letrado é apenas objeto de retórica acadêmica, política e empresarial.

Ou será que eles querem realmente um povo reflexivo e crítico?



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